domingo, 11 de março de 2007

pai nosso, que não estais no céu...

O que se faz quando a inocência desapareceu tal e qual bruma no ar, sem vestígios, como se sequer tivesse existido? Quanto o solo dos nossos sonhos foi tão abusado que é agora árido - tão inóspito que nem as esperanças-daninhas brotam dele.

Pouso meu olhar, pardo e opaco, no terreno vazio e seco -- é áspera e rude a terra que deixo escoar pelos meus dedos; percebo, sem espanto, que tem agora a cor destes olhos que um dia foram ouro verde, flamejante.

Tantos anos lutando incansavelmente em busca da felicidade - sem êxito... Só acredito agora que ela é outra mentira, fantasia criada pelo Deus que não existe, o piadista sádico - este, que habita o céu que eu sei vazio.

Não desisto e rogo, talvez em desafio: "Deus, tem piedade de mim, anuncia em minha vida a chegada do inesperado, do bom, daquilo que me faz abrir os olhos de manhã e sorrir - apenas por estar viva". Ele pára, por breve instante, para me ouvir. Dá de ombros, ri despreocupadamente e volta a se ocupar com a incessante e divertida atividade de não-existir.

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