quarta-feira, 30 de agosto de 2006

prazeres perversos

Já cumprimos rigorosamente a quaresma, o jejum imposto a fim de expurgar da nossa alma os pecados que a carne cometeu ou aqueles que nossa mente apenas imaginou e ansiou.

Ou...

Já finalizamos a quarentena, o perigoso vírus do desejo que contaminava nossos corpos já foi, senão completamente extirpado, muito atenuado.

Achas que podemos, enfim, nos encontrar? Fraternalmente, na segurança de um local público?

Antes de começar a escrever, já adivinhava tua resposta. Sem precisar de dotes mediúnicos, é fácil saber a negativa que virá. O que me leva a insistir? Um prazer mórbido, que castiga a tu e a mim. Um prazer cruel, de quem consegue se fazer atroz, ainda que por fugazes instantes. Um prazer do qual não me privo e que desfruto com gula, com ira, com luxúria - com todos os pecados que a ele puder atribuir.

Quanto maiores os pecados, quanto maior a atrocidade que nos inflijo, mais gozo.

Para aumentar aquilo que é teu deleite e tua tortura, segue um corte de uma pintura de Klimt.

Wasserschlangen II - Gustav Klimt (corte)


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