É para ti que eu quero inventar a palavra que não tenho, o sentimento que só se traduz através do mais primitivo som que minha garganta produz, quando cérebro e língua são inúteis.
Minhas entranhas te saudarão em idioma próprio e bárbaro, grito surdo e gutural a rasgar teu tímpano, sacudir tua alma e arrepiar tua pele. Hás de encontrar beleza no som estranho e desconhecido - que é a voz primal da fênix renascendo.
Se não ecoar selvagemente meu som, esse novo corpo feito de cinzas se partirá pela força da contenção, pela fúria do urro estilhaçando esta pele de ave que ainda é frágil demais, que mal se formou.
Ouve, então, o meu canto visceral, mesmo que não existas, mesmo que sejas nada além de delírio. Invento tua presença e teus ouvidos agora, invento teus olhos e todo o mundo sob suas pálpebras. Invento o reconhecimento que virá do teu corpo e me refugiarei nele.
Que sejas pequena palavra, que sejas inominado, que sejas pronomes: tu, meu.
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